As reações do cérebro com o uso desenfreado dos smartphones

O ambiente digital é uma fonte inesgotável de estímulos rápidos, que são capazes de nos oferecer pequenas doses de alívio diante do mundo real. Porém, quanto mais acessamos esses pequenos estímulos, de recompensa rápida e imediata, a tendência é de potencializar e aumentar esse comportamento de consumo.
Quando recebemos uma notificação no celular, um neurotransmissor começa a correr em disparado em nosso cérebro: é a dopamina. Ela está relacionada com o chamado sistema de recompensa, que é um circuito neuronal no cérebro que influencia diretamente as nossas emoções. Esse sistema garante a motivação para realizar atividades que resultam em prazer.
Dentro desse sistema, está o córtex frontal, que quando recebe a dopamina liberada, causa as sensações de prazer e satisfação. Já no córtex pré-frontal, sua atuação já causa preocupação, pois é essa região responsável por controle dos impulsos, moderação do comportamento e tomada de decisões, o que afeta o caráter impulsivo e fora de controle do indivíduo. Vale ressaltar que esse é o mesmo processo de outros tipos de vício, como drogas ou jogos.
E é nesse contexto que se dá a dependência digital. A liberação da dopamina e todas as suas possíveis sensações levam ao usuário um comportamento obsessivo, sem o menor critério: checam o telefone a todo momento com ou sem notificações, abrem o aplicativo e rolam sem qualquer intuito racional, etc. Estes são comportamentos que geram preocupação e são altamente prejudiciais à saúde.
Como consequência, são percebidos sintomas de ansiedade e problemas de atenção. Em casos mais graves, síndromes como a FOMO (essa é uma sigla oriunda do inglês do termo “fear of missing out”, que pode ser traduzido por “medo de ficar de fora”), Burnout (esgotamento mental) ou mesmo TDA (Transtorno de Déficit de Atenção).
Especialistas sugerem algumas atitudes para evitar essa dependência:
Estabelecer limites entre uso do digital e abandono total momentâneo do mesmo.
No caso de trabalhar diretamente com telefone e todos os seus recursos digitais, a possibilidade de ter 2 aparelhos (um para o pessoal e o outro para o profissional) é a decisão mais acertada. Definir ambientes, lugares e situações que o telefone é proibido.
Viver o mundo real é ESSENCIAL: encontrar pessoas, trocar ideias, toques. Retirar as notificações nas folgas, curtir o ócio.