US ultra craniano para diagnosticar a doença de Parkinson: o que isso significa para a medicina moderna?

A doença de Parkinson é a segunda patologia neurodegenerativa mais frequente no mundo. Estima-se que, a cada 100 mil habitantes, de 150 a 200 pessoas irão apresentar o diagnóstico. Sua incidência aumenta com a idade, ou seja, trata-se de uma condição muito mais frequente na população idosa. A doença é caracterizada por um aumento gradual dos tremores, maior lentidão de movimentos, caminhar arrastando os pés e postura inclinada para frente.
Quando se apresentam sintomas associados, o diagnóstico médico é de, certo modo, facilitado. Porém, no caso de sintomas isolados, principalmente os tremores, podem facilmente induzir o médico à dúvida, ou até mesmo ao erro.
Estudos indicam que 25% dos indivíduos são diagnosticados com Parkinson de forma errônea. Esse alto índice se deve ao fato de os diagnósticos serem feitos na fase inicial da doença, quando os sinais e sintomas não são tão expressivos. Porém, quando o diagnóstico é realizado por um médico neurologista especialista em distúrbio de movimentos, o índice de erros cai para 10%.
Como forma de colaborar nesta investigação e chegar de forma mais rápida e precisa num diagnóstico, médicos vêm utilizando a US transcraniana. Na verdade, esse método vem sendo usado desde 1995, onde os investigadores observaram nos pacientes com a patologia um aumento da ecogenicidade no local da substância negra. Essa condição é característica encontrada na maioria dos casos de Parkinson, que indica comprometimento no sistema cerebral específico, responsável nos processos de memória e aprendizado.
No caso da utilização desse método em casos suspeitos de Parkinson, estudiosos indicam vantagens, como: a não necessidade de sedação do paciente; inocuidade; princípio físico diverso; tempo de exame; praticidade; disponibilidade; custo baixo relativo. Em contrapartida, indicam algumas limitações, como dependência da janela óssea; má visualização fora da linha média e dependência direta da experiência do examinador.
De todo modo, o diagnóstico da doença de Parkinson é clínico, sendo a análise de imagens um recurso complementar, que não podem ser analisados de forma isolada. Anomalias cerebrais, por exemplo, não são captadas por exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Já a US intracraniana, permite verificar alterações morfológicas e funcionais na composição química das estruturas cerebrais e os distúrbios de movimentos relacionados que podem resultar nas alterações da ecogenicidade.
Importante reforçar que para se chegar a confirmação do quadro de Parkinson é preciso perceber a perda de neurônios dopaminérgicos ricos em neuromelanina especificamente na substância negra (SN), isso tudo associado aos corpos de Lewy remanescentes dos neurônios mesencefálicos.Por fim, ao analisar as métricas de sucesso obtidas ao se utilizar a US intracraniana como poderoso aliado neste momento de busca por um fechamento de diagnóstico, é possível perceber todo o potencial de contribuição positiva: o médico investigador consegue obter 88% de acurácia, 85,7% de sensibilidade e 89,7% de especificidade.